sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

LIÇÃO 2 - A PROSPERIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

A PROSPERIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

•    RIQUEZA E POBREZA; DOENÇA E CURA NA ANTIGA ALIANÇA
•    A PROSPERIDADE COMO RESULTADO DO TRABALHO E DO FAVOR DE DEUS
•    PRINCÍPIOS BÍBLICOS PARA A PROSPERIDADE


A FUNÇÃO DO SENHOR

Por Eugene H. Merril

O [...] modo da auto-revelação de Deus em Deuteronômio é a sua atividade histórica e supra-histórica. Levando em conta a estrutura e teor do concerto exposto em Deuteronômio, a função dominante (e talvez abrangente) do Senhor é a de Senhor soberano do universo, que escolhe fazer concerto com Israel a fim de executar o seu plano para o mundo. Dada esta suposição, uma suposição que uma abordagem teológica analítica sustenta, é metodologicamente apropriado virmos que a atividade e relações divinas específicas em Deuteronômio constituem-se de elementos do exercício da suserania [soberania] de Deus.

A revelação do Senhor conforme vemos na maneira de sua expressão na discussão prévia e em termos dos nomes e epítetos, pessoa e atributos divinos, tem de, necessariamente, encontrar eco e até coincidir com a revelação esclarecida pelo seu papel como soberano. Mas a abordagem que apresentaremos a seguir ressaltará o tema do concerto em Deuteronômio e, de fato, no Pentateuco, contribuindo esperançosamente para compreendermos a revelação que Deus faz de si mesmo no próprio contexto hermenêutico da relação do concerto.

Criador. Claro que a obra como Criador é fundamental aos atos de Deus na história. Embora em outros lugares este seja um tema bíblico importante, só Deuteronômio 4.32 trata-o claramente em todo o corpo do texto do concerto sob revisão aqui. Mesmo aqui é quase incidental, pois o ponto a que se quer chegar é que desde a criação não havia precedente histórico a Deus ter falado e resgatado um povo como Ele fez com Israel. Logicamente a ênfase não está no concerto universal com todo o gênero humano por meio do qual Deus o designou para assumir o domínio sobre todas as coisas criadas. A ênfase em Deuteronômio está no concerto com Israel pelo qual esta nação, chamada de entre as nações existentes, dê testemunho do Deus Criador, cuja obra como Criador é pressuposta. A chamada para Israel não é para encher a terra criada, mas para ocupar uma terra. O papel do Senhor aqui não é de Criador, mas de Redentor e Iniciador do concerto.

Redentor. Muitas passagens deixam clara a função de Deus como Redentor (Dt 5.6,5; 6.12,21,23; 7.8; 8.14; 9.26,29; 13.5,10; 15.15; 16.1; 24.18; 26.8). Foi só com base em seu amor que Ele derrotou a escravatura egípcia, livrou, contra todas as possibilidades inimagináveis, o filho Israel e levou o povo ao ponto em que eles poderiam considerar o convite do concerto com todas as suas promessas e expectativas. Estes foram atos poderosos que ocorreram na história, atos tão monumentais e humanamente inexplicáveis que o mundo tem de ver neles que o Deus de Israel realmente era inigualável. A obra de redenção era uma ordem de eventos que testemunhavam da soberania do Senhor sobre toda a criação [grifo nosso] e dos propósitos graciosos em chamar um povo que seria um canal para a obra contínua dEle de redenção em escala universal.
  
O objetivo imediato do ato redentor era colocar o povo redimido em comunhão de concerto com o Senhor. O Senhor é o Deus do concerto, que iniciou esta relação especial e que a fez acontecer em um evento histórico e concreto. E não foi uma ideia que surgiu posteriormente, uma mera sequência lógica ao êxodo, pois o Senhor prometera aos pais de Israel que Ele chamaria e separaria a semente deles, os salvaria com poder grandioso e os levaria para si como propriedade especial. De fato, Deuteronômio em todos lugares declara o concerto sinaítico e deuteronômico e seus benefícios exatamente nas promessas aos patriarcas (1.8,11,21,35; 6.3,10,19; 7.8,12; 8.18; 9.5,27; 11.9; 19.8; 26.3; 29.13; 30.20; 34.4).  

Texto extraído da obra: “Teologia do Antigo Testamento”, editada pela CPAD.